Associação da composição corporal e capacidade cardiorrespiratória em corredores de rua

  • Gustavo Waclawovsky Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul/Fundação Universitária de Cardiologia, Porto Alegre-RS, Brasil
  • Letí­cia Ruas da Silva Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul/Fundação Universitária de Cardiologia, Porto Alegre-RS, Brasil. Faculdade Sogipa de Educação Fí­sica, Porto Alegre-RS, Brasil
  • Ana Marenco Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul/Fundação Universitária de Cardiologia, Porto Alegre-RS, Brasil. Faculdade Sogipa de Educação Fí­sica, Porto Alegre-RS, Brasil
  • Diego Vidaletti Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul/Fundação Universitária de Cardiologia, Porto Alegre-RS, Brasil
  • Rodrigo Ferrari Faculdade Sogipa de Educação Fí­sica, Porto Alegre-RS, Brasil
  • Alexandre Machado Lehnen Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul/Fundação Universitária de Cardiologia, Porto Alegre-RS, Brasil. Faculdade Sogipa de Educação Fí­sica, Porto Alegre-RS, Brasil
Palavras-chave: Composição corporal, Gordura relativa, Consumo de oxigênio, Corrida de rua

Resumo

Evidências demonstram que a idade, o gênero, a composição corporal e os ní­veis nutricionais podem influenciar na aptidão cardiorrespiratória do indiví­duo. Contudo, a relação entre essas variáveis e a capacidade cardiorrespiratória máxima (VO2máx) de corredores de longa distância ainda é pouco explorada. Assim, nós objetivamos analisar a relação entre composição corporal, aspectos nutricionais e gênero com o VO2máx de corredores de longa distância. Realizamos um estudo transversal com 28 praticantes de corrida de rua (14 mulheres e 14 homens; 38,2±9,5 anos de idade). Foi utilizado o teste ergoespirométrico em esteira rolante para mensuração do VO2máx e frequência cardí­aca máxima (FCmáx). A gordura relativa (%G) foi mensurada por sete dobras cutâneas. Foi aplicado recordatório alimentar de 24h para verificar o consumo alimentar dos participantes. Teste t ou Wilcoxon para amostras independentes, ANOVA de medidas repetidas (post-hoc de Bonferroni) e correlação de Pearson foram utilizados para análise estatí­stica (p<0,05). O VO2máx foi menor e o %G foi maior no grupo feminino versus o masculino (p<0,001 para ambas comparações). O VO2máx correlacionou-se inversamente com o %G (r=-0,655; p<0,001) e com o somatório de sete dobras cutâneas (r=-0,599; p=0,001). Aumento da idade dos atletas se correlacionou positivamente com o %G (r=0,401; p=0,047), mas não com o VO2máx. Estratificado por gênero, as correlações se mantiveram apenas para o grupo masculino. Concluí­mos que a gordura relativa influencia inversamente no VO2máx somente para o gênero masculino. Independente do gênero, o volume total e semanal de treinamento parece não interferir no VO2máx e nos ní­veis de gordura relativa.

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Publicado
2019-03-04
Como Citar
Waclawovsky, G., da Silva, L. R., Marenco, A., Vidaletti, D., Ferrari, R., & Lehnen, A. M. (2019). Associação da composição corporal e capacidade cardiorrespiratória em corredores de rua. RBPFEX - Revista Brasileira De Prescrição E Fisiologia Do Exercício, 12(80), 1138-1148. Recuperado de https://www.rbpfex.com.br/index.php/rbpfex/article/view/1590
Seção
Artigos Científicos - Original