Ocorrência do platô do consumo máximo de oxigênio após treinamento com Kettlebell

  • Caio Braga Carneiro Laboratório de Fisiologia do Exercí­cio, Universidade Federal do Espí­rito Santo (UFES), Vitória-ES, Brasil
  • Ricardo Augusto Frizzera Filho Laboratório de Fisiologia do Exercício, Universidade Federal do Espí­rito Santo (UFES), Vitória-ES, Brasil
  • Carla Zimerer Laboratório de Fisiologia do Exercí­cio, Universidade Federal do Espí­rito Santo (UFES), Vitória-ES, Brasil
  • Weverton Rufo Tavares da Silva Laboratório de Força e Condicionamento Fí­sico, Universidade Federal do Espí­rito Santo (UFES), Vitória-ES, Brasil
  • Richard Diego Leite Laboratório de Força e Condicionamento Fí­sico, Universidade Federal do Espí­rito Santo (UFES), Vitória-ES, Brasil
  • Anselmo José Perez Laboratório de Fisiologia do Exercí­cio, Universidade Federal do Espí­rito Santo (UFES), Vitória-ES, Brasil
  • Luciana Carletti Laboratório de Fisiologia do Exercí­cio, Universidade Federal do Espí­rito Santo (UFES), Vitória-ES, Brasil
Palavras-chave: Consumo de oxigênio, Treinamento físico, Força muscular

Resumo

Introdução: Tradicionalmente a identificação do consumo máximo de oxigênio (VO2 máx) foi descrita como o momento em que este apresentava comportamento de estabilização (VO2 platô), mesmo com incrementos da carga de exercí­cio. Indiví­duos treinados em resistência aeróbia parecem exibir mais o VO2 platô. O exercí­cio com Kettlebell (KTB) tem se destacado como um método do treinamento fí­sico/esportivo, utilizado como uma alternativa para melhorar a potência anaeróbia, mas também é possí­vel que gere estí­mulos para aprimorar a aptidão aeróbia. Objetivo: Analisar a ocorrência do VO2 platô em mulheres submetidas a treinamento com KTB. Materiais e métodos: 16 mulheres adultas, saudáveis, praticaram o treinamento com KTB por 12 semanas, e foram avaliadas pelo teste cardiopulmonar de exercí­cios (TCPE), para averiguar as adaptações ao treino e ocorrência do VO2 platô. O platô foi identificado pelas diferenças entre dois estágios consecutivos (Taylor, 1955) e pela análise estatí­stica (teste "T" de student ou Mann-Witney). As voluntárias passaram por avaliação de força, teste de uma repetição máxima (1RM), e antropométrica. Todos os testes foram aplicados antes e após o treinamento. A normalidade foi testada pelo teste de Kolmogorov-Smirnov. Foi considerado p<0,05. Resultados: Observou-se aumento de 8,5% (p<0,001) no VO2máx. e 10,5% (p<0,001) no tempo do TCPE; a 1RM aumentou 25,3% (p<0,001), em decorrência do treinamento. A ocorrência do VO2 platô reduziu após o treinamento, tanto pelo critério de Taylor (25% para 18,7%), quanto pela análise estatí­stica (12,5% para 6,25%). Conclusão: O treinamento de força com KTB provocou adaptações cardiovasculares e neuromusculares. Contudo, essas adaptações não implicaram na maior ocorrência do VO2 platô.

Biografia do Autor

Luciana Carletti, Laboratório de Fisiologia do Exercí­cio, Universidade Federal do Espí­rito Santo (UFES), Vitória-ES, Brasil

Departamento de Desportos

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Publicado
2019-05-06
Como Citar
Carneiro, C. B., Frizzera Filho, R. A., Zimerer, C., Tavares da Silva, W. R., Leite, R. D., Perez, A. J., & Carletti, L. (2019). Ocorrência do platô do consumo máximo de oxigênio após treinamento com Kettlebell. RBPFEX - Revista Brasileira De Prescrição E Fisiologia Do Exercício, 13(81), 146-154. Recuperado de https://www.rbpfex.com.br/index.php/rbpfex/article/view/1639
Seção
Artigos Científicos - Original