Estudo da variabilidade da frequência cardíaca em dois treinos intervalados baseados na velocidade de transição caminhada-corrida
Resumo
Introdução: a variabilidade da freqüência cardíaca (VFC) é modulada pelo sistema nervoso simpático e parassimpático. Suas respostas a protocolos de treino intervalado dependentes da velocidade de transição (VTrans) não são conhecidas. Objetivo: comparar as respostas da VFC em dois treinos intervalados distintos dependentes da VTrans. Materiais e Métodos: 15 indivíduos assintomáticos, sendo 12 mulheres (41±6 anos, 67±6 kg e 161±8 cm) foram submetidos randomicamente a dois protocolos de treino em esteira rolante, com estímulos de 30 s e recuperação ativa de 90 s. O protocolo 1 (PT1) constituía de caminhada na VTrans e recuperação em corrida na mesma velocidade. No protocolo 2 (PT2) os indivíduos caminhavam na VTrans e recuperavam caminhando 0,5 km/h abaixo da VTrans. A VFC foi determinada a partir da Plotagem de Poincaré (índices SD1 e SD2) do monitor de FC Polar S810i (Polar, Finlândia). Foi utilizado o teste-t emparelhado de Student, sendo considerado um nível de significância de 5% e um intervalo de confiança de 95% por intermédio do software Primer 4.0 (McGraw-Hill, EUA). Resultados: o PT2 apresentou VFC significativamente mais baixa que o PT1 para SD1 (189,9±116,5 ms vs 86,6±85,4 ms; p=0,001, IC95% = 48,4 a 158,3) e também para SD2 (226,1±136,8 ms vs 109,3±109,5 ms; p<0,001, IC95% = 12,9 a 28,6). Conclusão: a VFC foi maior no PT1, o que sugere que caminhar a 0,5 km/h abaixo da VTrans é um exercício mais intenso que correr na VTrans.
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