Ocorrência de lesão e de sintomas musculoesqueléticos em praticantes de artes circenses

  • Rafael Gonçalves Fundação Nacional de Artes, Escola Nacional de Circo Luiz Olimecha, Rio de Janeiro-RJ, Brasil.
  • Sergio Pinto Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Laboratório de Ciência do Movimento e Comportamento Humano, Rio de Janeiro-RJ, Brasil.
  • Jomilto Praxedes Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Laboratório de Ciência do Movimento e Comportamento Humano, Rio de Janeiro-RJ, Brasil.
Palavras-chave: Epidemiologia, Lesões, Artes performativas, Circo

Resumo

A prática das artes circenses é comparada por muitos autores à prática de desporto de alto rendimento. No entanto, ao contrário do campo desportivo, os estudos sobre lesões relacionadas com a prática das artes circenses são escassos. O objetivo deste estudo foi identificar as taxas de sintomas musculoesqueléticos e as taxas de afastamento da prática por problemas musculoesqueléticos em praticantes de artes circenses da cidade do Rio de Janeiro. Participaram neste estudo 46 estudantes de artes circenses. Foi utilizado o Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares para determinar as taxas de sintomas musculoesqueléticos no último ano e na última semana e as taxas de afastamento da prática por problemas musculoesqueléticos no último ano. Todos os indivíduos participantes neste estudo apresentaram algum sintoma músculo-esquelético no último ano, embora apenas aproximadamente 2/3 se tenham afastado da prática no mesmo período. Ombro e lombar foram as regiões mais afetadas pelos sintomas músculo-esqueléticos, tanto no último ano como na última semana, e as que mais provocaram afastamento da prática durante o último ano. Não existe diferença entre sexos para as ocorrências analisadas, embora existam diferenças nas regiões anatómicas mais afetadas. O nosso estudo mostra a importância do acompanhamento dos sintomas musculoesqueléticos nos praticantes de artes circenses que, para todas as condições analisadas, é mais frequente do que o afastamento da prática. Além disso, foi possível identificar o ombro e a lombar como regiões anatómicas que merecem especial atenção nos programas de prevenção relacionados com esta prática.

Referências

-Bolling, C.; Mellette, J.; Pasman, H.R.; van Mechelen, W.; Verhagen, E. From the safety net to the injury prevention web: applying systems thinking to unravel injury prevention challenges and opportunities in Cirque du Soleil. BMJ Open Sport Exerc Med. Vol. 5. Num. 1. 2019. p. e000492.

-Bolognesi, M.F. O corpo como princípio. Trans/Form/Ação. Vol. 21. Num. 1. 2001. p. 101-12.

-Bradshaw, E.J.; Hume, P.A. Biomechanical approaches to identify and quantify injury mechanisms and risk factors in women’s artistic gymnastics. Sports Biomechanics. Vol. 11. Num. 3. 2012. p. 324-41.

-Burgess, H. The Classification of Circus Techniques. The Drama Review: TDR. Vol. 18. Num. 1. 1974. p. 65-70.

-DeBenedette, V. Circus Medicine: Health Care Under the Big Top. The Physician and Sports medicine. Vol. 15. Num. 3.1987. p.192-8.

-Goudard, P.; Perrin, P.; Boura, M. Interet du calcul de la charge de travail pendant l'apprentissage des Arts du Cirque. Cinésiologie. Vol. 31. Num. 143. 1992. p.141-50.

-Long, A.S.; Ambegaonkar, J.P.; Fahringer, P.M. Injury Reporting Rates and Injury Concealment Patterns Differ Between High-school Cirque Performers and Basketball Players. Med Probl Perform Art. Vol. 26. Num. 4. 2011. p. 200-5.

-Munro, D. Injury Patterns and Rates Amongst Students at the National Institute of Circus Arts: An Observational Study. Med Probl Perform Art. Vol. 29. Num. 4. 2014. p.235-40.

-Orlando, C.; Levitan, E.B.; Mittleman, M.A.; Steele, R.J.; Shrier, I. The effect of rest days on injury rates: Rest Days. Scandinavian Journal of Medicine & Science in Sports. Vol. 21. Num. 6. 2011. p. e64-71.

-Pinheiro, F.A.; Tróccoli, B.T.; Carvalho, C.V. Validação do Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares como medida de morbidade. Rev Saúde Pública. Vol. 36. Num. 3. 2002. p. 307-12.

-Pundick, J. Epidemiological Investigation of Injuries in Cirque du Soleil. Dissertação de Mestrado. University of Manitoba. Winnipeg. 1996. 126p.

-Shrier, I.; Meeuwisse, W.H.; Matheson, G.O.; Wingfield, K.; Steele, R.J.; Prince, F.; Hanley, J.; Montanaro, M. Injury Patterns and Injury Rates in the Circus Arts: An Analysis of 5 Years of Data From Cirque du Soleil. Am J Sports Med. Vol. 37. Num. 6. 2009. p. 1143-9.

-Stubbe, J.H.; Richardson, A.; van Rijn, R.M. Prospective cohort study on injuries and health problems among circus arts students. BMJ Open Sport Exerc Med. Vol. 4. Num. 1. 2018. p. e000327.

-Wanke, E.M.; McCormack, M.; Koch, F.; Wanke, A.; Groneberg, D.A. Acute Injuries in Student Circus Artists with Regard to Gender Specific Differences. Asian J Sports Med. Vol. 3. Num. 2.2012. p.153-160.

-Wolfenden, H.; Angioi, M. Musculoskeletal Injury Profile of Circus Artists: A Systematic Review of the Literature. Med Probl Perform Art. Vol. 32. Num. 1. 2017. p. 51-9.

Publicado
2023-01-15
Como Citar
Gonçalves, R., Pinto, S., & Praxedes, J. (2023). Ocorrência de lesão e de sintomas musculoesqueléticos em praticantes de artes circenses. RBPFEX - Revista Brasileira De Prescrição E Fisiologia Do Exercício, 16(102), 149-153. Obtido de https://www.rbpfex.com.br/index.php/rbpfex/article/view/2114
Secção
Artigos Científicos - Original